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Artigo: Não é mimimi. É racismo mesmo.

19 de novembro de 2018

Por Marcos Aurélio Ruy

Muita gente ainda questiona o Dia Nacional da Consciência Negra, desconhecendo a história do Brasil e negando as conseqüências nefastas de quase quatro séculos de escravidão no último país do Ocidente a abolir o regime escravista.

Em memória de Zumbi dos Palmares, foi decretado o 20 de novembro como o Dia Nacional de Consciência Negra. Justamente porque nessa data Zumbi foi morto após liderar o mais conhecido e longevo quilombo da história do Brasil: o Quilombo dos Palmares, onde hoje é Alagoas.

Para exterminar o quilombo que durou cerca de 100 anos, a coroa portuguesa utilizou de uma força bélica jamais vista na colônia. A morte de Zumbi, último líder de Palmares, ocorreu em 1695, muito antes da Independência, o que mostra que a resistência ao escravismo se fez gigante e permanente e de diversas formas.

Neste ano, lembra-se também dos 130 anos da Abolição dos escravos, que para os seres humanos escravizados não representou a libertação plena, porque os escravizados foram abandonados à própria sorte, sem trabalho, sem terra, sem nada.

Não à toa, em recente visita ao Brasil, o norte-americano Noam Chomsky, um dos principais intelectuais da atualidade, percebeu um ódio de classe no Brasil maior do que nos Estados Unidos.

Aqui a gritaria é geral contra as cotas raciais nas universidades. Imaginem se houvesse no mercado de trabalho. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os negros ganham por volta de 30% a menos que os brancos. As mulheres negras não atingem a metade dos salários dos homens brancos.

A face mais perversa do racismo, porém, está nos dados do Atlas da Violência 2018, organizado em parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Foram 30,3 mortes por 100 mil habitantes em 2016.

O estudo aponta que a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros. Foram 42 negros assassinados por 100 mil habitantes e 16 não negros somente no ano de 2016.

Pior ainda para a juventude negra, pobre da periferia. Entre os mais de 60 mil crimes fatais de 2016, 33.590 jovens de pessoas entre 15 e 29 anos, sendo 94,6% do sexo masculino.

Além dessa violência superior à de muitas guerras, a população negra enfrenta um racismo institucionalizado que exclui a maioria das brasileiras e brasileiros, constituída de pardos e negros (54%, de acordo com o IBGE).

Com a vitória de Jair Bolsonaro para a Presidência da República neste ano, as políticas de cunho social perdem terreno e entra em cena a voracidade do capital, sem nenhum pudor em destruir o meio ambiente e vidas humanas.

Basta notar a sua atitude em relação ao programa Mais Médicos e aos profissionais cubanos. Com apoio de parte da população o presidente eleito prejudica milhões de brasileiros sem nenhuma preocupação com a saúde. Por todos esses acontecimentos confirma-se que não há mimimi, o que há é racismo mesmo.

E assim caminha a nação brasileira envolta em preconceito, ódio e violência, tudo em nome de Deus, mas não qualquer Deus, o Deus deles somente. Como canta Chico Buarque lindamente em sua canção As Caravanas: “Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria”… Mas a culpa deve ser do sol.

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