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Docentes dizem não ao retorno das aulas presenciais

27 de julho de 2020

A convite do Sinpro Minas, professores/as do setor privado de ensino responderam a uma consulta sobre o protocolo de retorno às aulas presenciais e afirmaram que, sem vacina, não se pode pensar nesta possibilidade.

A consulta foi feita pelo Sinpro, a partir do convite do Conselho Estadual de Educação para a construção de um protocolo com orientações em caso de retorno às aulas presenciais. “Vimos que era fundamental ouvir a categoria. Assim, convocamos os/as professores/as para participarem desse processo de construção, dando seu parecer sobre os riscos da covid19 e a efetividade das ações apresentadas como alternativa. Não há como construir proposta para a educação sem ouvir quem está em sala de aula todos os dias”, explica a presidenta do sindicato, Valéria Morato, que destaca a grande mobilização da categoria.

“Em apenas dois dias e meio de pesquisa, participaram 4.420 professores/as, de 175 municípios mineiros. Com esse retorno, o Sinpro reafirma com muita segurança sua posição contrária a um retorno presencial das atividades escolares sem que exista autorização expressa dos órgãos de saúde competentes e sem que dados e medidas concretas, não paliativas, sejam oferecidos à sociedade”, afirma.

niveis ensino

Por nível de ensino, a pesquisa mostra a participação de 20,6% de docentes do ensino infantil; 33,4% do ensino fundamental I; 38,7% do ensino fundamental II; 36% do ensino médio e 8% do ensino superior (veja gráfico ao final).

Resultado

Ao serem perguntados sobre a percepção dos riscos atuais da covid19 para a saúde pública, mais de 79% dos docentes reconhecem como alto risco, e os outros 21%, como médio ou leve. Quando o tema é a possibilidade do retorno às aulas presenciais até outubro deste ano, 84% não concordam, e apenas 16% consideram apropriado.

volta as aulas não

Mas para um retorno às aulas presenciais, a necessidade da vacina é o item mais citado (72,2%), ao lado de outros critérios destacados como fundamentais: a redução efetiva dos casos de contaminação (60,3%), a adequação do ambiente (56,1%) e a margem de segurança (37,5%).

criterios

Quanto à/ao docente que é pai ou mãe e tem filho/a em idade escolar, 82,5% não concordam que seu filho/a retorne às aulas presenciais.

filhos idade escolas

As medidas de segurança para uma possível volta às aulas presenciais incluem sugestões como uso obrigatório de máscaras e de barreira acrílica, rodízio de alunos e disponibilização de álcool para higienização. No entanto, essas medidas não são consideradas efetivas para 84% dos docentes da educação infantil, assim como para 73% dos professores do ensino fundamental. No ensino médio, esse percentual é de 52,9%, e no ensino profissionalizante e educação superior, de 41,5%.

educação infantil

fundamental

Ao analisar o resultado da consulta feita às/aos professores/as, a diretora do Sinpro Minas e professora universitária Telma de Moraes Santos afirma que mesmo aqueles que consideram aceitável um retorno, em caso de aumentar as medidas de segurança, demostram dúvidas. “Trata-se de uma percepção delicada e que não traz total segurança aos docentes, uma vez que eles responderam que não acreditam ser o momento adequado para retorno e indicam preocupação com o crescente número de casos de contaminação no estado e com a falta de vacina”, afirma Telma, que destaca ainda a gravidade quando se refere à educação infantil. “Verificou-se ampla rejeição às medidas de segurança. Os docentes claramente interpretam a aplicação dessas ‘regras’ para crianças como muito frágeis e, de acordo com comentários enviados ao final da consulta, demonstram grande preocupação com o envolvimento das crianças e famílias como um todo. Trata-se de toda a comunidade escolar envolvida”, ressalta.

Confira abaixo alguns comentários feitos pelos professores:

“Deve-se ter muita cautela quando se fala em volta às aulas, pois não é tão simples assim como pensamos. A aglomeração pode levar a mais um surto e aí, como ficamos? Sabemos que não temos uma estrutura tão eficiente, isso é uma realidade”. 

“O que deveria ser feito é que, quando voltarem as aulas, as crianças permaneçam na mesma série, evitando o prejuízo escolar que tiveram durante essa pandemia”.

“Por mais cuidados que sejam estabelecidos, não há como manter controle das pessoas, no que se refere, por exemplo, ao cumprimento das normas estabelecidas. E, para complicar, os ambientes escolares são, por si só, insuficientes para garantir o distanciamento recomendado. São muitas áreas além da sala de aula, como banheiros, cantinas, corredores, elevadores”.

“Casos de contaminação em Minas Gerais só aumentam e não há previsão para diminuir. Essa volta é um erro fatal! Só estão pensando no setor financeiro das instituições. Os professores como sempre não estão sendo ouvidos. A vida do professor também deve ser valorizada. O aluno vai um turno e vai embora para sua casa. O professor geralmente vai ficar ali de manhã, tarde e noite. Sem contar que há pessoas ignorantes que não usam máscara e muito menos respeitam o distanciamento. Isso é um problema gravíssimo. Não a essa volta!”

“A educação deveria ser a joia da coroa de todos os governos, mas não é, infelizmente. Sabemos que a escola, sobretudo, a pública, é um dos lugares onde há o maior número de aglomeração, que por sua vez pode contaminar dez vezes mais, considerando que cada aluno leva para seus familiares a doença. Qual o motivo de se fazer essa política de retorno às aulas, quando o número de casos só aumenta? Falar que é preocupação com a educação é demagogia. Ninguém morre se perder um ano letivo ou se simplesmente postergá-lo, mas morre se for contaminado com a doença”.

“Enquanto não houver uma vacina ou um medicamento que não deixe as pessoas irem a óbito, não teremos segurança nas escolas. Por mais equipadas que estejam, de acordo com seus protocolos, nunca serão estéreis ao vírus. Outro ponto a se considerar é que a escola é local de socialização. Se não podemos socializar, que continuemos em aulas remotas. Pelo menos, todos estarão seguros e nós, professores, cumprindo com o nosso papel de ajudar o aluno a obter o conhecimento, manter a parte emocional mais equilibrada e socializar da maneira mais natural possível, apesar da distância. Alunos e professores não devem carregar mais esse desgaste emocional diário, cheio de regras e protocolos de segurança para não se contaminarem nem contaminarem outras pessoas. Precisamos pensar no bem coletivo e na saúde em primeiro lugar”.

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