Alta na mensalidade dos colégios
particulares de BH supera a inflação
Alta na mensalidade dos colégios
particulares de BH supera inflação Aumento deve ficar entre 7% e 8,15%, frente
a expansão de 4,8% no custo de vida. Reajuste acumulado desde 2005 passa de 40%
Zulmira Furbino – 06/11/2010 – Jornal Estado de Minas
A mensalidade escolar paga pelos
pais de alunos dos ensinos fundamental e médio da rede particular de ensino em
Minas sofrerá reajustes acima da inflação a partir de dezembro. Em Belo
Horizonte, pelo menos três instituições já soltaram o aumento válido para o
próximo ano letivo, que, por enquanto, ficará entre 7% e 8,15%. A estimativa de
variação do custo de vida no país para o período que compreende o cálculo das
mensalidades escolares é de 4,87%, de acordo com o Banco Central. Isso quer
dizer que o ganho real com o aumento das mensalidades nas escolas que já
anunciaram o reajuste para 2011 pode variar entre 2,13 e 3,28 pontos
percentuais. Mas poderão ocorrer reajustes maiores, uma vez que cada colégio
calcula a sua própria mensalidade levando em conta investimentos, folha de
pessoal e outras altas de custos.
De acordo com o Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre
fevereiro de 2005 e janeiro de 2010, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
ficou acumulado em 26,29%. No mesmo período, as mensalidades nas escolas de
ensino médio o reajuste praticado foi de 40,11%. A diferença entre a inflação e
a correção nos valores das mensalidades escolares do estado nesse intervalo de
tempo ficou em 13,82 pontos percentuais.
Os colégios Santa Dorotéia e Bernoulli
foram os primeiros a divulgar o índice de reajuste para 2011. No primeiro caso,
as mensalidades, incluindo a matrícula, ficarão, em média, 8,15% mais caras do
que em 2010. No Bernoulli, o reajuste no ensino fundamental (do 6º ao 9º anos)
será de 7,2%. Isso quer dizer que a mensalidade sai de R$ 697 para R$ 748.
Alunos do 1º e 2º anos do ensino médio, que pagam R$ 868,10 mensais este ano,
pagarão R$ 928 em 2011, ou 6,9% a mais. As parcelas dos alunos do terceiro ano
ficarão mais salgadas em 8,1%, saindo de R$ 928 para R$ 1.068. No Instituto
Padre Machado, já há um cálculo prévio para a correção do valor das parcelas,
mas o índice pode mudar. Até agora, segundo informações da escola, o reajuste
ficará, em média, em 7%.
Casada e mãe de três filhos em idade
escolar – José, de 13 anos; Vitória, de 11; e Pedro, de 7 – , a professora
Edmara Ribeiro Canuto teve que optar por colocar os dois mais velhos em colégio
particular e o caçula numa escola municipal por falta de condições financeiras
para arcar com os elevados custos das instituições privadas. “A escola impõe o
seu preço. E a gente sabe que haverá reajuste anual. Mas esperamos que esse
reajuste seja compatível com a inflação.” Ela lembra que, entre o fim de um ano
e o início de outro, os pais são obrigados a arcar com os custos de matrícula,
material escolar, livros e uniformes. Edmara conta que durante a crise
financeira foi obrigada a retirar os filhos dos colégios particulares onde
estudavam porque o marido é vendedor e os negócios caíram muito. “Meu filho
adoeceu. A diferença entre o ensino público e o privado é grande.”
“Cada instituição de ensino tem a sua própria
justificativa para a elevação das mensalidades”, diz o diretor de ensino do
Colégio Bernoulli, Rommel Fernandes Domingos. A escola acaba de inaugurar uma
sede para os alunos no 3º ano do ensino médio e do pré-vestibular, com
investimentos de R$ 30 milhões. “No ano que vem vamos oferecer horário
semi-integral, com aulas pela manhã e à tarde. O número de aulas dos alunos do
3º ano do ensino médio saltará de 28 para 39 semanais. No 1º e no 2º ano, saem
de 25 para 34 aulas na semana. Isso aumenta o custo com a folha de pagamento”,
justifica Gilberto Souto Maior, coordenador administrativo do Padre Machado.
Custos explicam a conta
Os reajustes das mensalidades
escolares em Minas são divulgados entre novembro e fevereiro, de acordo com o
planejamento de cada instituição de ensino. Em Belo Horizonte, costumam ser
comunicados aos pais até dezembro, mas no interior o processo se alonga e
atravessa o ano. Só depois disso é que o Sindicato das Escolas Particulares de
Minas Gerais (Sinep) calcula a média dos reajustes aplicados pela rede privada
de ensino no estado. Henrique Pinto dos Santos, diretor do Sinep, explica que
as contas que norteiam as correções nos valores das mensalidades dos colégios
particulares são, em geral, maiores do que a inflação porque os custos aumentam
em função da folha de pagamento, melhorias pedagógicas e investimentos em
geral.
Além disso, segundo ele, há uma
avaliação mercadológica que relaciona o preço da mensalidade com aquilo que os
pais estão dispostos a pagar. Os reajustes são diferentes entre as escolas e
até dentro delas variam conforme o segmento. “Tem a ver com o público-alvo e a
estrutura de custos onde a empresa atua. O mercado também dita os preços. No
último ano, houve um aumento maior nas mensalidades das escolas infantis, mas
no ensino superior praticamente não houve aumento”, diz Santos.
Se, no entanto, o ganho real é garantido com os
constantes reajustes acima da inflação nas escolas da rede privada, o mesmo não
ocorre com o salários dos professores. De 2006 a 2010, a categoria só conseguiu
1,5% de ganho real na remuneração, o que foi registrado em 2008, quando o INPC
ficou em 5,36% e os salários subiram 1,5% além desse patamar. “Nesse período,
os professores somente tiveram ganhos indiretos”, lembra Regina Camargos,
economista do Dieese. De acordo com ela, as escolas são grandes empresas que
estão fazendo caixa enquanto a classe média está sacrificada ao pagar uma
mensalidade cara. “A folha de pagamento não serve como justificativa para o
aumento das mensalidades escolares acima da inflação“, observa Décio Braga,
diretor do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro).
Entidade filiada ao
O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O plantāo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
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