Os membros da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, convocada em 1º de maio por Nicolás Maduro, serão eleitos no dia 30 de julho, segundo anunciou a presidenta do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibsay Lucena, neste domingo (4).
O anúncio estimulou mais protestos contrários e a favor da Assembleia. Nesta segunda-feira (5), ao mesmo tempo em que a oposição promete fechar ruas em toda a cidade a partir das 6h da manhã, apoiadores do governo de Nicolás Maduro fazem uma marcha em caminho ao Palácio de Miraflores, residência oficial do presidente da República na Venezuela. Manifestações da oposição e de apoiadores estão acontecendo quase diariamente.
Debates acalorados
Dois outros fatos esquentaram o debate neste domingo (4). O primeiro foi a divulgação de novas informações sobre o jovem Orlando José Figuera Esparragoza, de 22 anos. Ele morreu ontem após as agressões que ocorrem durante os protestos de 20 de maio, quando manifestantes oposicionistas que atearam fogo ao seu corpo e o atingiram com objetos cortantes na Praça de Altamira, região leste de Caracas.
O segundo, um vídeo do líder oposicionista Leolpoldo Lopez, que está preso sob acusado de incitação ao ódio, chamando a oposição a se manter mobilizada.
Segundo informações do periódico Ciudad Caracas, o boletim médico do Hospital Domingo Luciani revelou que Esparragoza teve queimaduras de 1º e 2º grau em 80% do corpo e quatro perfurações por arma branca. Vídeos que circulam na internet mostram o movimento do ataque, assim como imagens de um fotógrafo da agência Reuters.
O ministro das Comunicações, Ernesto Villegas, entrevistou na semana passada a mãe de Orlando José em um programa da estatal VTV. Ela acusou o deputado Júlio Borges, presidente da Assembleia Nacional, e o governador do Estado Miranda, Henrique Capriles, de “permitirem” que o ataque ocorresse. A procuradora da República, Luisa Ortega Díaz, designou o promotor da 48° Área Metropolitana de Caracas, Dixon Zerpa, para investigar o caso.
Em seu programa dominical de televisão, o presidente Maduro afirmou que a “Assembleia Constituinte é irreversível e representa o único caminho para a busca de justiça e paz no país”. Ele também afirmou que vai propor a criação de uma “comissão da verdade” para investigar as mortes relacionadas a protestos no país e revelou que a atual ministra das Relações Exteriores do país, Delcy Rodríguez, candidatar-se-á a deputada constituinte. Além ela, o ministro da Cultura e irmão do ex-presidente Hugo Chávez, Ádan Chávez, também será candidato.
A definição do dia 30 de julho mereceu duras críticas da oposição. O líder oposicionista e deputado Freddy Guevara, através de sua conta no Twitter, chamou um “plantão de 12 horas de resistência” nas principais vias de Caracas. “Todos contra a constituinte de Maduro”, disse.
Foram definidos 15 pontos onde os oposicionistas prometem fechar as ruas e “resistir”. “É simples: essa fraude Constituinte não passa”, disse Guevara.
Para reforçar os protestos, a conta de Twitter do oposicionista Leopoldo Lopez divulgou um vídeo dele chamando seus seguidores permanecer protestando. “Meu convite é que todos continuem na rua, com firmeza, com determinação”, disse.
Jônatas Campos | Brasil de Fato
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