Trabalhadores e trabalhadoras em educação de todo o Brasil se reuniram em Belo Horizonte, Minas Gerais, nos dias 13 e 14/12, durante o 2º Encontro Nacional de Educação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). O foco dos debates foram os desafios do setor diante deste cenário de retrocessos com as medidas do governo sem votos de Michel Temer contra os direitos da população.
A abertura contou com uma análise de conjuntura e logo após foram abertas as mesas temáticas. Na parte da tarde, os cerca de cem participantes, dialogaram sobre a educação contemporânea suas crises e perspectivas com a exposição da professora Sandra Pereira e Madalena Guasco, da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Estabelecimentos de Ensino (Contee), sob a mediação da secretária de Formação da CTB, Celina Arêas.
Perda de direitos
As duas denunciaram o golpe e as consequências negativas para o setor. Com a notícia da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, que congela investimentos em setores sociais estratégicos, entre eles a educação, Sandra lembrou que este retrocesso ocorre no mesmo dia da promulgação do Ato Institucional número 5 (AI5), em 1968, que escancarou a repressão violenta contra os opositores à ditadura militar no país.
Ela destacou as ocupações nas escolas e universidades protagonizadas pelos estudantes contra a falta de investimento e a reforma do Ensino Médio, que este governo quer implementar, diminuindo matérias essenciais para o desenvolvimento do pensamento crítico. “A PEC 55 fere de morte a educação”, sublinha. Segundo a professora, “Mais do que nunca temos que estar mobilizados e juntos para defender e segurar as conquistas dos movimentos sociais neste país”, afirma.
Escola sem Partido
Por sua vez, Guasco fez uma retrospectiva histórica sobre as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras em educação e chamou a atenção para a privatização. “O capital internacional global está atuando no Brasil”, expressa. De acordo com ela, os golpistas “querem retirar o papel do Estado e, para isso, têm uma nova investida ideológica que dá sustentação ao modelo privatista que é a `Escola sem Partido´”, alerta.
Ela denuncia ainda o projeto de colocar a educação brasileira na Organização Mundial do Comércio (OMC), a proposta está sendo estudado por um grupo de trabalho criado pelo Ministério da Educação (MEC) para revisar a legislação do país: “Querem colocar a educação nos acordos internacionais de comércio”, destaca.
Resistência
Como forma de lutar contra estes retrocessos, os participantes concordaram que a melhor maneira é construir a unidade das entidades, movimento sociais, partidos progressistas e de esquerda em uma frente ampla que defenda o Plano Nacional de Educação (PNE), em defesa de uma educação democrática e emancipadora.
Fise 70 anos
No fim da atividade, a dirigente da CTB e vice-presidenta da Federação Internacional de Sindicatos da Educação (Fise), entidade filiada à Federação Sindical Mundial (FSM), fez um ato em homenagem aos 70 anos da organização.
Betros destacou o protagonismo que a central sindical alcançou no cenário internacional. Ela informou ainda sobre o Congresso da FSM, que ocorreu em outubro na África do Sul, e comparou a situação dos brasileiros com os daquele país. “As mazelas e os problemas são os mesmos”, conclui.
Perspectivas da luta sindical
No segundo dia de atividades, os temas em debate foram: “As perspectivas da luta sindical por uma educação de qualidade” e “A CTB frente às organizações nacionais e internacionais de educação”.
A primeira mesa contou com a participação da representante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Bruna Elena e do dirigente da CTB e coordenador da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino (Contee), Gilson Reis, sob a coordenação da dirigente da seção estadual da central no Maranhão, Hildinete Rocha.
Diante do atual cenário na conjuntura nacional em que as políticas sociais estão sofrendo graves ataques que levarão a retrocessos principalmente para a classe trabalhadora, e para reverter este quadro, segundo os palestrantes, é preciso ter uma unidade de ação.
“Precisamos resistir, lutar, mobilizar e inovar nossa atitude”,expressou Reis. Em relação ao movimento sindical, o dirigente acredita que “os sindicatos precisam se reinventar”, para acompanhar este novo momento do país. Já Bruna citou as ocupações dos estudantes como forma de resistência. Ela acredita que o movimento estudantil brasileiro se fortaleceu. “as ocupações se mostraram uma ferramenta fundamental para dialogarmos com a sociedade”, sublinhou.
Sindicalismo Internacional
Já na parte da tarde, a conjuntura internacional entrou em pauta com uma exposição do secretário de Relações Internacionais da CTB e membro do secretariado da Federação Sindical Mundial (FSM) ,Divanilton Pereira. “Vivemos uma grande transição na geopolítica mundial, fruto das lutas dos povos que questionaram a ordem que insistia em se manter hegemônica”, disse Pereira ao se referir ao ciclo de governos progressistas e de esquerda na América Latina.
Ele acredita que com o ressurgimento do pensamento ultraconservador na Europa “precisamos encontrar no sindicalismo internacional qual é o nosso lado”, frisou. Ele ainda citou a política externa desenvolvida nos governos Lula e Dilma que visavam a integração regional e o desenvolvimento dos países de maneira soberana e solidária, totalmente oposta à adotada pelo atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, que assumiu o cargo após o golpe.
Após sua exposição, Maria Clotilde Lemos Petta, dirigente da CTB e da Federação Internacional de Sindicatos da Educação (Fise), falou sobre a atuação da entidade no Brasil. Neste sentido, a cetebista e vice-presidenta da Fise; Marilene Betros fez uma exposição sobre a central nos diversos ramos da educação ela destacou a necessidade de fortalecer as entidades nacionais e internacionais.
No fim do evento, o presidente da CTB, Adilson Araújo, saudou os presentes e falou sobre a necessidade da unidade dos movimentos sociais de todas as categorias para barrar o golpe no Brasil.
Segundo ele, é preciso trabalhar uma agenda unitária de lutas contra essa ultraliberal que Temer quer implementar. “Não vai ser diante deste Congresso, o mais venal da história do país, que vamos mudar o curso do gole. Precisamos dialogar mais e melhor com a classe trabalhadora para fortalecer nossa luta”, expressou.
Homenagem
Durante a atividade foi feita uma homenagem a Dom Paulo Evaristo Arns, falecido nesta quarta, por sua luta de resistência durante a ditadura civil-militar (1964-1985). A dirigente da Contee, Madalena Guasco, lembrou que Arns tentou avisar os comunistas que seriam presos e mortos durante uma reunião, o episódio ficou conhecido como chacina da Lapa. “Hoje é um dia triste e de honra para um homem que pensava na humanidade e lutava contra a opressão”, disse Guasco.
Por unanimidade foi aprovada a Carta de Minas Gerais.
Galeria de fotos
Fonte: Érika Ceconi – Portal CTB
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O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
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