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Literatura: liberdade e resistência

17 de março de 2016

Por: professor Hermes Honório da Costa

A invenção da língua foi, sem dúvida, uma grande conquista do homem. Poder representar por palavras toda a realidade material existente, e os fatos e acontecimentos também, é qualquer coisa de fantástico.

As palavras não são simplesmente sons e rabiscos. Elas têm matéria, cor… vida… elas têm sentido e o poder de criar realidades quando, sozinhas ou em conjunto, formam discursos.

E, exatamente aí, no espaço do discurso “é que mora o perigo”, pois as estruturas de poder dominante nas sociedades descobriram que é possível controlar as pessoas e os grupos sociais, controlando os sentidos das palavras e dos discursos… Controlando, censurando, interditando as palavras e os discursos, pode-se dominar as pessoas.

Sabendo disso, o homem inventou a Literatura, que é uma estratégia social que permite uma fuga desta interdição, desse controle. A Literatura garante a liberdade de expressão. Nela tudo pode ser dito e os discursos transitam livres, com seus sentidos… A Literatura é o espaço da liberdade.

As estruturas de poder dominantes, não satisfeitas com essa estratégia criada para escapar de seu controle, procuram interditar a Literatura, por diversos meios: silenciando os escritores, controlando as edições de seus textos e a própria circulação dos textos literários.

O maior desastre tem acontecido no espaço da escola. Ali, a censura e a interdição da palavra e do discurso são praticadas pela imposição do livro didático na sua concepção atual, como algo que pode substituir o professor, e pelo esvaziamento da criação literária e quase proibição dessa atividade. Isso porque há um projeto político, historicamente implantado, que fez com que, em todos os espaços sociais, a liberdade da literatura fosse trocada pelo controle “do que pode e deve ser dito”…

Mas, como o homem não se cansa nessa luta permanente pela conquista da liberdade, sobretudo da liberdade de dizer, de escrever, de produzir sentidos… de fazer Literatura, poetizando a vida, as palavras, poetizando tudo… o trabalho continua gerando as conquistas desejadas…

Como escreveu Tiago de Melo, em 1966,

Faz escuro mas eu canto,

Porque a manhã vai chegar.

Vem ver comigo, companheiro,

A cor do mundo mudar.”

Como escrevera Castro Alves, em 1864,

A praça! A praça é do povo

Como o céu é do condor 

É o antro onde a liberdade 

Cria águias em seu calor!” 

Como cantou Vinícius de Moraes

E no entanto é preciso cantar

Mais que nunca é preciso cantar

É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem

Qualquer dia vai se acabar”

Ou como posso escrever agora

De repente, não há o que dizer

Então não diga. Cala-te, amigo.

E verás que o silêncio não é ausência

De falar. É o conversar consigo.

E se ao não dizer estás dizendo

Tudo o que sentes, meu amigo,

Faz silêncio que enche o abismo

Do poder dizer o que não consigo.”

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