Notícias

Retrocesso histórico: Câmara aprova projeto de lei da terceirização

9 de abril de 2015

Proposta beneficia empresariado e precariza condições de trabalho
Centrais sindicais e movimentos sociais convocam manifestação e paralisação nacional para 15 de abril

Nessa quarta-feira (8/9), a Câmara dos Deputados aprovou, por 324 votos a favor e 167 contrários, o texto-base do projeto de lei 4.330, que amplia a terceirização para todas as atividades da economia.

Na prática, significa que todo o trabalhador poderá ser terceirizado.

Atualmente, esse tipo de contratação é permitida apenas para a chamada atividade-meio, e não para a atividade-fim da empresa. Uma escola particular, por exemplo, pode terceirizar serviços de limpeza e segurança, mas não contratar professores terceirizados. Pelo texto votado na Câmara, essa limitação não existirá mais.

O problema é que estudos e pesquisas já comprovaram que os terceirizados recebem menores salários, trabalham, em média, três horas a mais por semana, estão mais sujeitos a acidentes no ambiente profissional, a menos direitos trabalhistas e a piores condições de trabalho, em relação aos trabalhadores contratados diretamente pelas empresas.

 

“Esse projeto é a principal ameaça aos direitos sociais e trabalhistas. A sua aprovação representa um golpe à classe trabalhadora”, ressaltou o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo.

Paralisação nacional
Em resposta, CUT, CTB e as principais centrais do país se unirão a movimentos sociais para fazer um dia nacional de paralisação e manifestações, em 15 de abril (quarta-feira), com o objetivo de cobrar do Congresso a retirada do projeto de lei 4330.

Ministros do Tribunal Superior do Trabalho também condenam a proposta. Em parecer, eles enfatizam os riscos para os trabalhadores, caso o projeto seja aprovado. Segundo eles, a medida abre caminho para um grave retrocesso na legislação e nas relações trabalhistas no Brasil (clique aqui para ler o parecer dos ministros).

No documento, os ministros chamam a atenção para os danos que serão causados aos trabalhadores, entre eles o rebaixamento salarial. “O rebaixamento dramático da remuneração contratual de milhões de concidadãos, além de comprometer o bem estar individual e social de seres humanos e famílias brasileiras, afetará fortemente, de maneira negativa, o mercado interno de trabalho e de consumo, comprometendo um dos principais elementos de destaque no desenvolvimento do País. Com o decréscimo significativo da renda do trabalho ficará comprometida a pujança do mercado interno no Brasil”.

Em 2013, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, em parceria com o Movimento Humanos Direitos, lançou vídeos sobre o risco desse projeto para a sociedade. Preocupados, os atores gravaram as mensagens sem qualquer remuneração (clique aqui e assista aos vídeos).

Segundo juristas e pesquisadores do assunto, a proposta representa um retrocesso histórico para os trabalhadores, o maior desde a criação da CLT, em 1943, e foi aprovada para atender os interesses dos empresários.

Para o presidente do Sinpro Minas, Gilson Reis, o projeto afronta a classe trabalhadora e coloca em risco direitos conquistados historicamente pelos professores, como as bolsas de estudo. “Este projeto de lei é uma reação desmedida do capital, que tem como único objetivo retirar direitos e garantias dos trabalhadores, duramente conquistados ao longo do tempo”, destaca.

O projeto de lei aprovado na Câmara agora vai para o Senado. Se passar, segue para sanção da presidenta da República, que pode vetá-lo na íntegra ou em partes. Caso isso ocorra, haverá novas votações para manter ou derrubar os eventuais vetos presidenciais. Para as centrais sindicais, somente a pressão da sociedade pode reverter o quadro atual.


Leia mais:

Anamatra alerta: terceirização terá “efeitos catastróficos”

Anamatra: terceirização é desmonte radical de direitos básicos

COMENTÁRIO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Artigo
Ciência
COVID-19
Cultura
Direitos
Educação
Entrevista
Eventos
Geral
Mundo
Opinião
Opinião Sinpro Minas
Política
Programa Extra-Classe
Publicações
Rádio Sinpro Minas
Saúde
Sinpro em Movimento
Trabalho

Regionais

Barbacena
Betim
Coronel Fabriciano
Divinópolis
Governador Valadares
Montes Claros
Patos de Minas
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Sete Lagoas
Uberaba
Uberlândia
Varginha