Nessa segunda-feira, 27/06, além da paralisação da categoria, definida na última assembleia, foi realizada a segunda audiência de tentativa de conciliação entre Sinpro Minas e Sinep MG, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Diante da postura inflexível do sindicato patronal, inclusive com relação ao reajuste salarial reivindicado pela categoria, não houve condições para se chegar ao acordo. Com isso, prossegue o processo no TRT.
Em relação à recomposição salarial, o Sinep MG manteve a proposta de 5% para o ensino básico, 4% para o superior, com mais 1% para ambos, somente para o mês de outubro. Tal proposta está longe de representar os anseios dos professores, inviabilizando a conciliação.
Relembramos que a reivindicação da categoria é um reajuste pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) deste ano, de 11,73%, mais 5% de ganho real. Durante a audiência, representantes do Sinpro Minas ressaltaram que nos últimos anos os professores não tiveram recomposição das perdas.
O diretor do Sinpro Minas Newton Pereira de Souza destacou que, em 2021, foi negociado um índice de 3,5%, quando a inflação do ano era de 6,91%. “Eles não podem dizer que nós somos intransigentes na negociação, porque em 2021 negociamos sem ganho real para a categoria, justamente por compreender que estávamos em um momento atípico”, afirmou o diretor.
Durante a audiência, representantes do Sinep MG mantiveram o discurso de que é difícil conceder um reajuste maior, apesar de as mensalidades terem sido reajustadas em valores acima da inflação.
Na ocasião, a presidenta interina do Sinpro Minas, Thaís D’Afonseca, pontuou que, de acordo com informações já divulgadas na imprensa, as mensalidades em 2021 e 2022 subiram em torno de 14% (valor médio). “Um ganho que não foi repassado sequer para cobrir os custos de professores com o trabalho remoto, sobretudo no ensino superior. Não é nada razoável uma proposta de reajuste salarial entre 4% e 6%, tendo consciência desse contexto”, destacou.
Pandemia: realidade x justificativa
Durante a audiência, o sindicato patronal disse que a impossibilidade de atender as reivindicações da categoria se deve ao momento da pandemia. Um discurso que não é novo, já que, mesmo antes da crise sanitária, tem havido uma tentativa evidente de fazer com que a classe trabalhadora pague a conta dos problemas econômicos. A pandemia agravou essa situação e serviu de oportunidade para que empresários tentem retirar mais direitos, ao invés de mantê-los como proteção aos mais atingidos.
“Se ainda estamos na pandemia, por que insistem em retirar direitos históricos? Dizem que não conseguem atender nossas reivindicações, mas na verdade querem é precarizar nossas condições de vida e trabalho. Por outro lado, as cláusulas da nossa pauta, que refletem os anseios da categoria, em razão desse momento crítico e repleto de desafios, como a regulamentação do trabalho remoto e direito à desconexão, foram todas rechaçadas por eles na negociação”, afirma Thaís.
Próximos passos
Com o prosseguimento do dissídio, o Sinep MG tem oito dias para elaborar a defesa, e o Sinpro Minas, mais oito dias para contestar. Após esse prazo, o processo será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e será nomeado o relator que dará seu parecer e encaminhará para o julgamento da SDC (Seção de Dissídios Coletivos) do Tribunal.
O Sinpro Minas reafirma que seguirá tomando todas as medidas jurídicas necessárias para que a campanha reivindicatória deste ano avance por mais direitos e valorização docente.
Clique aqui para assistir à íntegra da segunda audiência de conciliação.
Entidade filiada ao
O Sinpro Minas mantém um plantão de diretores/funcionários para prestar esclarecimentos ao professores sobre os seus direitos, orientá-los e receber denúncias de más condições de trabalho e de descumprimento da legislação trabalhista ou de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
O plantāo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
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3 respostas
Tenho acompanhado,a nossa luta. Fico indignada como os donos de escola não estão nem aí! Na verdade teriam condições sim de pagar o que merecemos, eles ganham dinheiro cobrando mensalidade altíssima. Apoio sempre nossos direitos, que vá mesmo para a justiça. E outra nosso trabalho é incansável. #somosprofessores
Basta uma simples verificação na bolsa de valores para se constatar a crescente de ganhos (tangendo bilhões) das grandes “empresas” educacionais, principalmente aquelas que dominam o ensino superior. O período pandêmico foi altamente lucrativo para elas, haja vista a economia com gastos básicos, como energia, água, locação, limpeza e outros. Em contrapartida, nós professores, tivemos que comprar acesso à Internet para transmissão de aulas de nossas casas, gastamos mais energia elétrica, tivemos que adquirir notebooks que suportassem as transmissões de plataformas pesadas, passamos horas a fio na frente da tela preparando e readequando nossas aulas à nova realidade, sendo cobrados para que fossemos mais empáticos com nossos alunos e suas realidades.
Por nenhum direito a menos, não se trata somente uma recomposição salarial justa e digna pra uma classe tão desvalorizada e desrespeitada, se trata de direitos históricos conquistas com muita luta e que não abriremos mão. Que vá para julgamento e que a justiça cumpra com seu dever e seja justa!