Dificuldades metodológicas superadas, os grupos de trabalho constituídos para debater as propostas inscritas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aprovaram uma série de resoluções que respondem a bandeiras históricas das organizações e movimentos sociais ligados à luta pelo direito à comunicação e a democratização da mídia.Estas propostas se tornaram resolução ao receber mais de 80% de aprovação dos delegados em um dos GT’s. Algumas aprovações chegam a surpreender, por serem pautas tradicionalmente rechaçadas pelo empresariado e mesmo por órgãos governamentais.
Por exemplo, foi aprovada a criação de um Conselho Nacional de Comunicação com funções de monitoramento e também de deliberação acerca das políticas públicas do setor. Também passou por consenso nos grupos uma proposta de divisão do espectro radioelétrico entre os sistemas público, privado e estatal numa proporção de 40-40-20.
Outra proposta aprovada nos GTs foi a positivação do direito à comunicação na Constituição Federal.
Veja algumas das propostas aprovadas:
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Divisão do espectro radioelétrico obedecendo a proporção de 40% para o sistema público, 40% para o sistema privado e 20% para o sistema estatal.
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Reconhecimento do direito humano à comunicação como direito fundamental na Constituição Federal.
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Criação do Conselho Nacional de Comunicação, bem como dos conselhos estaduais, distrital e municipais, que funcionem com instâncias de formulação, deliberação e monitoramento de políticas de comunicações no país. Conselhos serão formados com garantia de ampla participação de todos os setores.
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Instalação de ouvidorias e serviços de atendimento ao cidadão por todos os concessionários.
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Incentivo à criação e manutenção de observatórios de mídia dentro das universidades públicas.
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Criação de fundo público para financiamento da produção independente, educacional e cultural.
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Definição de produção independente: é aquela produzida por micro e pequenas empresas, ONGs e outras entidades sem fins lucrativos.
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Garantia de neutralidade das redes.
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Estabelecimento de um marco civil da internet.
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Fundo de apoio às rádios comunitárias.
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Criminalização do “jabá”.
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Isenção das rádios comunitárias de pagamento de direitos autorais.
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Produção financiada com dinheiro público não poderá cobrar direitos autorais para exibição em escolas, fóruns e veículos da sociedade civil não-empresarial.
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Criação de um operador de rede digital para as emissoras públicas gerido pela EBC.
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Estabelecer mecanismos de gestão da EBC que contem com uma participação maior da sociedade.
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Limite para a participação das empresas no mercado publicitário: uma empresa só poderá ter até 50% das verbas de publicidade privada e pública.
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Proibição da publicidade dirigida a menores de 12 anos.
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Desburocratização dos processos de autorização para rádios comunitárias.
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Que a Empresa Brasileira de Correios ofereça tarifas diferenciadas para pequenas empresas de comunicação.
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Criar mecanismos menos onerosos para verificação de circulação e audiência de veículos de comunicação.
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Garantir emissoras públicas que estão na TV por assinatura em canais abertos.
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Criar mecanismos para a interatividade plena na TV digital.
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Fim dos pacotes fechados na TV por assinatura.
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Manutenção de cota de telas para filmes nacionais.
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Adoção de critérios de mídia técnica para a divisão da publicidade governamental nas três esferas.
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Promover campanha nos canais de rádio e TV, em horários nobres, divulgando documentos sobre direitos humanos.
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Inclusão digital como política pública de Estado, que garanta acesso universal.
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Buscar a volta da exigência do diploma para exercício de jornalismo.
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Garantir ações afirmativas nas empresas de comunicação.
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Criação de Observatório de Mídia da Igualdade Racial.
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Na renovação das concessões, considerar as questões raciais.
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Centro de pesquisa multidisciplinar sobre as questões da infância na mídia.
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Criação do Instituto de Estudos e Pesquisa de Comunicação Pública com ênfase no incentivo à pesquisa.
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Aperfeiçoar as regras da classificação indicativa. Por Cristina Charão, no Observatório do Direito à Comunicação